quarta-feira, maio 13, 2009

Quasímodo


Aí que ontem a Sessão da Tarde passou o desenho do Corcunda de Notre Dame da Disney, e eu resolvi assistir porque só o vi uma vez quando fui no cinema. Lembro que naquele mês a edição da SuperInteressante (que naquela época não tinha só o nome de interessante) mostrou como eles fizeram pra animar todas as pessoas na praça, um processo que facilitou e ao mesmo tempo deixou tudo mais realista, e eu fiquei babando pra ver... aí no filme mesmo a cena passa em 1 segundo e pronto, acabou. Fiquei bem tristinha...

Mas enfim, ontem confirmei uma impressão passada que eu tinha sobre o filme: a história do Corcunda de Notre Dame não foi uma boa escolha prum filme infantil. A Disney ousou pra caramba num monte de coisas (vide as referências explícitas à tortura e Inquisição, as cenas onde Frollo cheira o pescoço da cigana Esmeralda e a imagina como uma "tentação do demo", o fato das gárgulas poderem ser amigos imaginários do corcunda, e a própria sequência do povo chamando-o de aberração e tacando porcarias nele - de chorar), mas no final amarelou e acabou apelando pro final bonitinho em que todo mundo é feliz pra sempre. Na certa porque viram que se seguissem a história original, não ia sair nada parecido com uma animação de férias de verão e o orçamento iria todo pelo ralo. No ano anterior Pocahontas já tinha sido um fiasco...

Fora que o nome do filme devia ser "O cavaleiro Phebo", porque ele é que é o maior herói ali: salva inocentes de morrer num incêndio e arrisca o próprio rabo nisso, leva flechada de outros soldados, cai num rio e não morre, e fica com a mocinha no final. Quasímodo tá mais pra ajudante.

Então de duas, uma: ou que fossem corajosos e assumissem O Corcunda de Notre Dame como uma animação adulta (como Fantasia), ou que escolhessem uma história mais digerível. Porque do jeito que foi feito, o resultado ficou um, com o perdão da palavra, Frankestein.

quarta-feira, maio 06, 2009

Dos movimentos e reinvidicações "inúteis"

Sim, eu sei que estou sumida, mas acreditem, é por um bom motivo: faz parte do meu esforço de ficar menos tempo pendurada na internet. Mas acreditem, eu gosto do bloguinho e tenho saudades de escrever aqui. E por incrível que pareça, o que causou meu sumiço foi justamente perfeccionismo: eu escrevia qualquer coisa, achava q não estava bom o bastante e deixava de lado. Sério. Não prometo post novo sempre, mas vou tentar postar com mais regularidade.

Bem, o que me motivou a escrever esse post foi uma ladainha com a qual eu costumo me deparar bastante em discussões virtuais: o "vá fazer uma coisa mais importante". Especificamente nesse caso, foi uma discussão sobre a Marcha da Maconha e sua proibição em São Paulo. Apareceu comentário de muita gente a favor da proibição (OK, opinião deles, embora eu discorde), e a pérola que arrematava todos era a do "esse pessoal devia procurar algo melhor pra fazer, passeata contra desemprego, violência, pobreza, saúde precária, mas vai protestar justamente contra proibição da maconha? Bando de desocupados".

Numa boa? Cansei de ouvir essa ladainha toda vez que eu entrava em alguma conversa de defesa das minorias. Geralmente vinha junto com algo no estilo "mulheres/gays/negros/wathever já têm direitos iguais garantidos por lei". Sabe o que acho mais engraçado? É que quem tá num movimento desses ou numa Marcha da Maconha dessas da vida tá lá porque quer. Tá dispondo do próprio tempo do jeito que acha melhor. Cada um sabe onde o sapato aperta: se a pessoa escolheu protestar por esse ou por aquele movimento, é porque aquela causa a comove, ou a toca pessoalmente - porque eu não preciso ser lésbica pra ficar tiririca com homofobia.

E sabe o que é mais engraçado ainda? Que quem mais clama por "protestem por causas melhores e ajudem quem realmente precisa", é justamente quem não faz NADA. Acha um absurdo a "patricinha" reinvidicar o direito de usar beck no lugar de ajudar um faminto, mas não move a bunda do lugar pra levar um prato de comida pra esse mesmo cara. Ou sequer pra fazer uma doação pra quem se presta a esse serviço, até porque a maioria acha que "pobre só é assim porque quer". É assim em 99% dos casos, pode reparar.

E por último, falam como se uma coisa inviabilizasse outra. Como se a pessoa que está ali protestando pela descriminalização das drogas também não pudesse se engajar num movimento social "importante". Essa me lembrou uma discussão sobre o SUS oferecer cirurgia gratuita de mudança de sexo: é como se pra cada transex operado, deixassem de tratar 15 criancinhas com câncer, porque o auê que fizeram por conta dessa "futilidade" aí...

Por isso que eu digo que o orkut me diverte. Posto menos, participo menos, tô empolgadíssima com o flickr, mas arredar o pé de vez? Nem pensar.