segunda-feira, novembro 20, 2006

As Aventuras de Gabi em Sampa - parte II

Enfim, chegamos na primeira parada do caminho. Era uma lanchonete gigante onde eu já tinha estado em outra ocasião, cujos lanches custavam o olho do fiofó (onde já se viu Toddynho a R$2,30?). Deixei o Arthur dormindo dentro do ônibus e desci só pra fazer xixi e lavar as mãos (e gastar água e papel daqueles filhos da puta sem comprar nada em troca, claro).

Junto com a gente parou uma excursão de alguns alunos de Direito, que estavam indo para um tal de Jogos Jurídicos (mais tarde esse evento rendeu discussões engraçadíssimas sobre o que seriam esses jogos: quem fica melhor de peruca branca? Quem bate o martelo mais forte?
Corrida de toga?). Já tenho um pé atrás com estudante de Direito, porque a maioria é mauricinho/patricinha egocêntrico, mas dessa vez eles se superaram: os caras arrumaram, sabe-se lá onde, uma caixa de som enorme e sem fio E ENTRARAM COM A DITA CUJA LIGADA NA MAIOR ALTURA DENTRO DA LANCHONETE! E como a potência dos equipamentos de som costuma ser inversamente proporcional ao gosto do dono, acho que dá pra sacar o nível da merda que eles ouviam. Pra piorar a cena, ainda usavam uns chapeuzinhos ridículos de caubói. Simplesmente pa-té-ti-co ver como eles se divertiam com a própria demonstração de babaquice.

O que leva uma criatura a ser tão inconveniente? De duas, uma: ou recebeu pouco carinho na infância e por isso sente uma necessidade doida de chamar a atenção a qualquer custo, ou foi falta de chinelada na bunda.

Ainda cheguei a pensar "Calma, Gabriela. Você é que não dormiu quase nada no ônibus, tá descabelada e emputecida com o preço alto dos lanches e por isso ficou intolerante e tá querendo descontar nos caras. São só uns bobos fazendo farra, apenas isso", ou que tivesse baixado um espírito de velha chata em mim e todo mundo tivesse que adivinhar que eu não estava numa boa madrugada.

Para quem acha que não tem jeito de ser pior, eu digo que tem sim: não é que o motorista daqueles putos resolveu parar no mesmo local que a gente na segunda parada? Se eu ainda não tinha certeza do espírito de porco dos sujeitos, tive a prova final: o carregador da caixa de som entrou com aquela porcaria no restaurante apenas por entrar mesmo. Ele pegou a caixa na entrada e atravessou reto até o caixa, nem parou pra comer nem nada. Foi aqui, aliás, que descobri que eu não era a única pessoa do nosso grupo que não achava um pingo de graça na palhaçada que os futuros adevogados estavam fazendo, que se perguntava o que tínhamos feito para merecer aquilo, ou que sentia uma vontade tremenda de mandar o cara enfiar a caixa de som naquele lugar onde o sol não bate.

Desse ponto em diante, não me lembro de mais nada da estrada porque caí no sono (sorte - não costumo dormir bem dentro de ônibus) e só me lembro de já estarmos dentro da maior cidade do Brasil quando acordei. Da janela do ônibus avistei a Pinacoteca, a Estação, as lojinhas do centro (tudo fechado, porque chegamos no dia 2 de novembro)... o mais engraçado é que nessa hora estava tocando uma musiquinha instrumental meio piegas, tipo missão-cumprida-em-final-de-filme, e acabou combinando.

Até que estacionamos na frente do nosso hotel, o América do Sul, cujo dono era um show à parte.

Continua...

5 comentários:

. disse...

Hahahaha corrida de toga!!!

Agora, falando sério: existo um jogo chamada "Jogo Legal" que é um jogo de tabuleiro para estudantes de direito, do tipo perguntas e respostas. Affffff, minha amiga que estuda direito ganhou um desses e putz... parece ser mesmo mto mto chato.

Ahj eu vi Matrix no final de semana mas não da TV, é que eu tenho os DVDs.

Anônimo disse...

Quero saber mais! Conta mais! MAIS!

Carolina Oliveira disse...

A músiquinha instrumental que você citou, eu costumo chamar de "música de rodoviária" ou ainda "música de rodoserv (uma lanchonete de estrada que tem em são paulo, não sei se você conhece)" e eu adoro! ahuahu
Geralmente quando aparece essas pessoas metidas a engraçadinhas no meu caminho e dá aquela vontade de ter uma bazuca eu penso que eu to estressada, nada demais, são só pessoinhas se divertindo, como você pensou. não resolve muuito, mas pelo menos não mato ninguém! Adorei aqui, estou ansiosa com os "próximos capítulos". grande beijo

Michel de Oliveira disse...

Você deveria ter reunido sua turma para dar um sumiço na tal caixa de som. Bem dentro do reto do indivíduo que a carregava... Isso sim seria divertido!

Anônimo disse...

"Cadê" a aventura em S. Paulo? Até agora tudo rolou dentro do ônibus... nuntenho a mínima do que vai rolá em Sampa: parece que vai ser coisa chata! Ó raios!