quarta-feira, maio 06, 2009

Dos movimentos e reinvidicações "inúteis"

Sim, eu sei que estou sumida, mas acreditem, é por um bom motivo: faz parte do meu esforço de ficar menos tempo pendurada na internet. Mas acreditem, eu gosto do bloguinho e tenho saudades de escrever aqui. E por incrível que pareça, o que causou meu sumiço foi justamente perfeccionismo: eu escrevia qualquer coisa, achava q não estava bom o bastante e deixava de lado. Sério. Não prometo post novo sempre, mas vou tentar postar com mais regularidade.

Bem, o que me motivou a escrever esse post foi uma ladainha com a qual eu costumo me deparar bastante em discussões virtuais: o "vá fazer uma coisa mais importante". Especificamente nesse caso, foi uma discussão sobre a Marcha da Maconha e sua proibição em São Paulo. Apareceu comentário de muita gente a favor da proibição (OK, opinião deles, embora eu discorde), e a pérola que arrematava todos era a do "esse pessoal devia procurar algo melhor pra fazer, passeata contra desemprego, violência, pobreza, saúde precária, mas vai protestar justamente contra proibição da maconha? Bando de desocupados".

Numa boa? Cansei de ouvir essa ladainha toda vez que eu entrava em alguma conversa de defesa das minorias. Geralmente vinha junto com algo no estilo "mulheres/gays/negros/wathever já têm direitos iguais garantidos por lei". Sabe o que acho mais engraçado? É que quem tá num movimento desses ou numa Marcha da Maconha dessas da vida tá lá porque quer. Tá dispondo do próprio tempo do jeito que acha melhor. Cada um sabe onde o sapato aperta: se a pessoa escolheu protestar por esse ou por aquele movimento, é porque aquela causa a comove, ou a toca pessoalmente - porque eu não preciso ser lésbica pra ficar tiririca com homofobia.

E sabe o que é mais engraçado ainda? Que quem mais clama por "protestem por causas melhores e ajudem quem realmente precisa", é justamente quem não faz NADA. Acha um absurdo a "patricinha" reinvidicar o direito de usar beck no lugar de ajudar um faminto, mas não move a bunda do lugar pra levar um prato de comida pra esse mesmo cara. Ou sequer pra fazer uma doação pra quem se presta a esse serviço, até porque a maioria acha que "pobre só é assim porque quer". É assim em 99% dos casos, pode reparar.

E por último, falam como se uma coisa inviabilizasse outra. Como se a pessoa que está ali protestando pela descriminalização das drogas também não pudesse se engajar num movimento social "importante". Essa me lembrou uma discussão sobre o SUS oferecer cirurgia gratuita de mudança de sexo: é como se pra cada transex operado, deixassem de tratar 15 criancinhas com câncer, porque o auê que fizeram por conta dessa "futilidade" aí...

Por isso que eu digo que o orkut me diverte. Posto menos, participo menos, tô empolgadíssima com o flickr, mas arredar o pé de vez? Nem pensar.

3 comentários:

Bizarro disse...

Djib, exigimos posts mais frequentes.

Tio Xavier disse...

"Tipo assim", vinte anos atrás eu participaria da passeata na boa. Hoje, não vou por falta de saco. Freud explica esses trustrados que ficam ranhetando.

Anônimo disse...

" sabe o que é mais engraçado ainda? Que quem mais clama por "protestem por causas melhores e ajudem quem realmente precisa", é justamente quem não faz NADA".

FATO.

O último episódio desses que eu presenciei foi antes da manifestação contra a PM na USP (não a que terminou em porrada, a que protestou depois, contra a porrada que rolou). Estávamos na aula, de manhã, e alguns dos alunos pedimos para sair mais cedo da aula, porque queríamos ir à passeata. A professora agiu super de boa, disse que não tinha problema nenhum e que a questão seria tratada com liberdade: quem quisesse sair mais cedo, podia. Quem não quisesse, ficava.

Aí, quando estávamos saindo, um aluno começou a resmungar: "que passeata o quê? Bando de vagabundos que não estudam!". Uma tremenda falta de educação e desrespeito para com a opinião alheia, todo mundo ficou de queixo caído.

Mas a cereja do bolo era o seguinte: esse cara que tava nos chamando de "vagabundos que não estudam" faltava pra caralho e, quando vinha, sempre chegava atrasado. Suas notas eram uma merda.

Esse cara. Mandando a gente estudar. Deu vontade de esfregar minha média ponderada na cara dele. Mas. Dei de ombros e saí da sala, rumo à passeata.