domingo, novembro 20, 2005

"Oi, lembra de mim?"

Uma das coisas que eu mais detesto são homens-com-validade-vencida. Explicando: é aquele carinha que pegou seu telefone e não ligou. Aquele que falou que adorou a noite e tomou chá de sumiço. Aquele que saiu com você, mas que depois foi visto com outra. Acho que deu para entender. Um belo dia, depois de dois meses sem dar sinal de vida, o desgraçado te telefona e solta a famigerada frase do título. Na maior cara-de-pau, como se algum fenômeno tempo-espacial tivesse engolido esse período de tempo enorme e vocês tivessem se visto outro dia mesmo. Esse é o autêntico homem-com-validade-vencida.

Se tem uma coisa que aprendi nos meus 22 anos de vida foi que quando isso acontece, é por uma razão bem simples: o moço não arrumou nada melhor pra fazer naquele dia com os amigos, ou mesmo com a namorada ou ficante oficial, aí lembrou-se de você e pensou se não poderia tirar uma casquinha. Que nem naquela música do Gabriel o Pensador, onde o personagem principal vai folheando o caderninho de telefones como se fosse um folheto de pizza delivery, e vai ligando pras moças tentando arrumar algum programa (com a diferença de que hoje em dia o caderninho foi substituído pela agenda do celular).

Creio que nem mesmo a mais descolada e moderna das mulheres
acha legal perceber que o sujeito te relegou à categoria de fast food, achando que "basta um telefonema para ter comida rapidinho em sua casa, sem trabalho nenhum". Pelo menos nenhuma que tenha amor próprio. E isso não tem nada a ver com caretice: não tenho nada contra sexo casual, mas ser lembrada apenas num momento de entressafra é mais que meu sacoleto pode aguentar.

O que eu acho mais engraçado é que os filhos da mãe realmente esperam que você fique feliz com o súbito aparecimento deles, como se fosse um privilégio o meu telefone tocar e ser ele do outro lado. Me seguro para não rir quando percebo que ele está mordidinho de raiva pela minha reação não ser exatamente a que eles esperavam (algo como "Ah, lembro sim, claro. Como é que você está? Eu estou bem, obrigada. Ah, claro, a que horas então? OK, então até mais. Beijo").

Me considero até bastante compreensiva, mas paciência tem limite: dou cerca de uma semana para o cidadão fazer contato, ou então sigo o prazo que ele mesmo estipulou. Não deu notícias? Aí é adiós
, amigo, entendi que você certamente tem coisas mais importantes para fazer do que se preocupar com uma garota que faz mechas azuis no cabelo e aula de chinês.

Depois disso não se espante se me ligar e ouvir como resposta á pergunta do título um "Não, não me lembro. Quem é?".

4 comentários:

JRP disse...

Depende. Cada caso é um caso.
Se o cara não lhe ligou de volta, simplesmente ele não se sentiu estimulado a ligar, percebeu?

Gabriela Martins disse...

Sei disso, senhor Lancaster. Por isso mesmo que se o cara não me liga, esqueço o sujeito e já parto pra outra. Ninguém é obrigado a gostar de mim.

Mas aí quando o cara liga muito tempo depois, não tem como eu não pensar de outro modo: "estou sem nada pra fazer, então vou ligar para aquela garota que, sei lá porque, ainda tenho o número aqui no meu celular".

Se ele for bonitinho e eu estiver a fim do mesmo que ele, tudo bem, entro na onda. Mas geralmente não gosto de ser considerada "ultima opção".

JRP disse...

O problema é que você gostou dele, né?

Gabriela Martins disse...

Não, Sr. Lancaster, não estou falando de um caso específico: tô fazendo um apanhado mesmo.

Mas como eu já disse, se o cara é bonitinho ou interessante, até entro no jogo e banco a garota-feliz-que-bom-que-você-lembrou-de-mim. Senão, vou dando corda pro cidadão se enforcar. É cruel, mas não deixa de ser divertido.

E infelizmente não tenho MSN. Creio ser a única pessoa do planeta que não gosta daquela tranqueira...