quarta-feira, outubro 12, 2005

Avenida dos infernos

Sabe o que é chegar na sua cidade e descobrir que ela se transformou numa micareta chulé? Pois é, é isso que estou sentindo nesse exato momento!

Vim para Ouro Branco no feriado, e confesso que não esperava grande coisa da Festa da Batata, cuja escalação de shows piora a cada ano. Para se ter uma idéia, o mais "passável" de todos (e bota aspas nisso!) é o do Falamansa.

Pois bem, cheguei aqui na terça-feira à noite, e passando na avenida principal (ponto de encontro e bebedeira antes dos shows) vi alguns poucos gatos-pingados (os que ainda não tinham ido para o show) e a bagunça de sempre: embalagens de cerveja e cachorro-quente, latinhas, bitucas de cigarro, etc. Mas notei uma coisa diferente: barracas, dessas que vendem comida e bebida em festas, que naquela altura estavam vazias. Deixei pra lá.

No dia seguinte inventei de ir durante o dia ao local dos shows (o "Batatódromo", como é conhecido: a Festa da Batata é praticamente a única coisa que fazem lá). Como era Dia das Crianças, sabia que ia rolar alguma coisa para a molecada, e resolvi ir lá comprar um doce e dar uma voltinha. A avenida principal ficava no caminho. A medida que aproximávamos (eu, minha mãe e minha irmã), fui vendo o tamanho da bagunça, ao mesmo tempo que o funk carioca começou a me agredir os ouvidos. E não é que haviam realmente transformado a avenida num Carnaval, no pior sentido do termo?

Carros rebaixados com o porta-malas aberto e música ruim no talo; boyzinhos imbecis de bermuda, óculos escuros, sem camisa e latinha de cerveja na mão acompanhavam ridicularmente a música dando passinhos pra esquerda e pra direita; meninas de chapinha no cabelo, salto alto, barriga de fora e piercing no umbigo, doidas para saber quantas cantadas iam receber (e quanto foras iam dar); rapazes se esgueirando pros cantos e transformando-os em banheiro sem a menor cerimônia...

Só pude repetir as palavras do Coronel Kurt em "Apocalypse Now": "O horror, o horror!". Preferia mil vezes me meter no pântano fedorento do filme a estar naquela cópia malfeita de folia de praia.

Pensam que acabou? Ainda tinha mais! Rapidinho:

- Quando chegamos ao Batatódromo ele já estava fechado para a entrada de pessoas. Saímos de casa à toa.

- Como era feriado, a única padaria aberta ficava justamente no meio da muvuca (certamente faturando horrores com a venda de vodca, cerveja, picolés e coxinhas para os "micareteiros"). Tive que passar naquele inferno de novo.

- Voltando da padaria, passamos na frente de outra, bem pertinho da minha casa... e estava aberta. Raiva? Não, claro que não, imagina...

2 comentários:

Anônimo disse...

eu sou uma pessoa totalmente anti-social.

odeio festas e ainda mais essas putarias.

no meu bairro é afastado da cidade aqui em Uberlândia, então direto acontecia essas micaretas ae...

é legal que você acaba vendo o povo pagando mó mico.

Gabriela Martins disse...

Não sou anti-social, mas eu simplesmente não consigo me divertir nesse tipo de lugar. É mais forte que eu, além de eu não ter absolutamente nada pra fazer por lá (não tem como eu considerar a possibilidade de ficar com alguma das figuras presentes). Se eu ainda achasse alguma amiga minha por lá, até que eu ficaria conversando com ela.

Esqueci de comentar também: não suporto quando passo e algum homem vai pegando no meu cabelo, que é comprido. Odeio esse tipo de intimidade forçada.